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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Comer bem para respirar melhor

Cuidar do cardápio do bebê nos primeiros meses de vida reduz a incidência de tosse, coriza e obstrução nasal na infância. O fôlego e as noites de sono do pequeno — assim como as de seus pais — agradecem

Se filho viesse com manual, uma das orientações do primeiro capítulo seria: oferecer exclusivamente leite materno até os 6 meses. Já na lição completa para os 12 meses iniciais, os cuidados com a introdução de outros itens na dieta seriam sublinhados. Isso porque acertar a alimentação nesse período garante, além de vigor, mais qualidade à respiração — e para o resto da vida. É o que revela um estudo finalista do IV Prêmio SAÚDE!, conduzido em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, por três universidades gaúchas em parceria com o Ministério da Saúde. Durante um ano, 500 mães de recémnascidos aprenderam a montar um menu adequado a cada fase do desenvolvimento infantil. Assim, foi possível reduzir em 41% a incidência de congestão nasal, coriza, tosse e dificuldade de respiração na criançada.

QUANTO MAIS MAMAR NO PEITO…
A equipe atribui esse resultado, em primeiro lugar, à amamentação. “O leite materno contém substâncias que regulam o sistema imunológico”, ressalta a pediatra e alergista Renata Cocco, da Universidade Federal de São Paulo. É como se ensinasse as células de defesa como funcionar direito. Portanto, quanto maior o período de aleitamento, menor é o risco de problemas respiratórios no início da infância. “E isso, por sua vez, está relacionado com menos asma e bronquite na idade escolar e na vida adulta”, lembra uma das autoras do projeto, a nutricionista Márcia Vitolo, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

Márcia e seus colegas observaram ainda que mamar no peito por mais tempo diminui a necessidade de remédios, a tendência a consumir guloseimas e a ter cáries mais para a frente. A introdução das comidas sólidas deve começar aos exatos 6 meses, com papinhas de frutas nos lanches da manhã e da tarde — a refeição salgada ficaria para o almoço. O ideal é equilibrar porções de carboidratos, proteínas, vitaminas, minerais e fibras, amassando os alimentos com o garfo, para preservar sua textura e estimular a mastigação. “A presença de ferro, zinco e vitaminas A e C é essencial para que a saúde e o crescimento não sejam comprometidos”, alerta Márcia.

Um dos principais desafios começa por volta do oitavo mês, quando a criança já é capaz de pedir alimentos por meio de gestos e segurá-los com as mãos. Com a falsa impressão de que a curiosidade do filho é vontade de experimentar a comida, alguns pais oferecem doces e frituras nessa idade. Errado. Esses sabores ficam registrados no cérebro infantil e, aí, surge a resistência aos itens mais saudáveis.

Segundo um levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria, tem bebê de 6 meses tomando até refrigerante! “Não imaginávamos que os maus hábitos começassem tão cedo”, lamenta Roseli Sarni, presidente do Departamento de Nutrologia da instituição. O excesso de bebidas açucaradas, salgadinhos e itens do gênero costumam custar quilos a mais na meninada — aliás, outro fator que os médicos relacionam à asma. Lembre-se de que os alimentos naturais são sempre a melhor opção para a saúde como um todo e ainda mais especificamente para os pulmões. “Não dá para comparar um suco de laranja espremido na hora com o de caixinha”, exemplifica José Paulo Ferreira, presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul.

A formação do paladar se estende aproximadamente até os 3 anos. Até lá, uma rotina alimentar disciplinada, de preferência com seis refeições diárias, é fundamental para fortalecer também as defesas do organismo. Adoecer menos evita, inclusive, problemas no desempenho escolar. E nem é preciso falar que o exemplo dos pais à mesa faz toda a diferença nessa etapa — diferença que fica para o resto da vida.

Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0322/familia/conteudo_544726.shtml

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