Os testes genéticos, hoje vendidos em farmácias, podem não ser efetivos na prevenção de doenças (Thinkstock)
Testes genéticos para prever possíveis problemas de saúde em crianças podem representar um perigo à rotina familiar. É o que mostra uma pesquisa realizada na Universidade de Georgetown, EUA, e publicada no periódico Pediatrics.
Direcionados para adultos e bastante controversos, os testes genéticos que hoje são vendidos nas farmácias, e até na internet, costumavam ser de uso exclusivo de clínicas especializadas – e feitos sob orientação médica. Hoje, é comum adultos comprarem esses testes sem nenhuma indicação para descobrirem se correm riscos de ter ou desenvolver alguma doença genética. O que a pesquisa aponta é que não contentes em utilizar os testes, de forma muitas vezes equivocada e desnecessária, muitos pais agora os estão aplicando em seus filhos pequenos.
De acordo com recomendações da Genewatch, uma organização não-governamental britânica que monitora os desenvolvimentos em genética, esses exames não deveriam ser feitos sem orientação de um especialista, uma vez que ainda não há provas científicas de que eles detectem de forma segura a incidência de doenças. Kenneth P. Tercyak, professor de oncologia e pediatria da Universidade de Georgetown, afirma que o equívoco está na comercialização. “Esses exames deveriam ser melhor regulamentados, principalmente porque são difíceis de interpretar. Qualquer resultado dado por testes genéticos precisa da avaliação de um médico especialista”, diz.
Tercyak ressalta ainda outro problema em relação ao uso inadequado desses testes: eles identificam apenas os riscos para alguns tipos de doenças, para muitas delas não há prevenção. Muitas vezes o resultado inesperado de um exame leva a família ao pânico antes mesmo de ela ouvir a opinião de um médico sobre o caso. Além disso, os riscos de desenvolver uma doença podem estar relacionados também ao estilo de vida, não apenas à herança familiar. “Ainda precisamos aprender mais sobre como esse tipo de teste pode melhorar efetivamente a qualidade de vida do paciente e como sugerir alterações de estilo de vida adequadas aos resultados”, diz Tercyak. Antes disso, fazer um exame genético só porque ele está disponível na farmácia da esquina pode ser apenas uma fonte de preocupação desnecessária.
Fonte: RevistaVeja.com
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário