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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Chocolate faz bem, mas sem exageros


Benefícios diminuem quanto maior o exagero. Especialistas afirmam que o mais indicado é comprar ovos menores e de melhor qualidade

Nos supermercados, olhar para cima começa a se tornar um hábito entre crianças e adultos. Ao passar por corredores repletos de ovos de Páscoa pendurados, não tem como não ceder à tentação de levar para casa o seu chocolate predileto em tamanho família. Para especialistas, o alimento faz bem, mas com moderação.

A publicitária e bailarina Anna Paula Maranhão, de 30 anos, conhece bem sua “patologia”: ela é viciada em chocolate, principalmente nos efeitos do doce no seu organismo. “Ele causa uma euforia e acaba com todos os meus problemas”, brinca ela, que come pelo menos um tabletinho diário, depois do almoço. Mas Anna espera a Páscoa para botar para quebrar. “Eu vou comprar ovos para mim, ganhar outros, mas eles não vão durar. Aliás, não entendo como alguém consegue fazer os ovos durar todo o ano.” Quase sempre sua escolha recai sobre o chocolate com 50% de cacau: “É mais saudável!”, diz ela.

Anna está certa. Segundo a médica nutróloga Marcella Garcez Duarte, o ideal na Páscoa seria que as pessoas se satisfizessem com chocolates com mais cacau, mas em quantidades menores. “Os doces com mais cacau saciam rapidamente, e dificilmente você irá comer tudo em um dia”, diz ela, que é diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Presentear com ovos e cestas gigantescas não faz bem nem para o bolso, nem para a saúde caso o presenteado queira comer tudo de uma vez. Para as crianças, o ideal seria dar um ovo pequeno acompanhado de um brinquedo. “Muitas vezes elas gostam de abrir para ver o que tem dentro, não de ficar devorando chocolate, e quem acaba comendo tudo são os pais”, diz.

O fascínio que o chocolate causa tem explicação científica. O segredo dos benefícios do chocolate está na teobromina, um composto fitoquímico que, como a cafeína e outros alcaloides, atua estimulando o sistema nervoso central e o músculo cardíaco, como explica a engenheira de alimentos Laura Beatriz Karam, professora do curso de Engenharia de Alimentos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). “O consumo moderado melhora o desempenho no trabalho e nos estudos, mas a alta ingestão causa irritabilidade, insônia e distúrbios gastrointestinais, por isso, chocolates e achocolatados devem ser evitados para bebês e controlados para crianças”, diz ela, que cita outro componente benéfico dos chocolates: os flavonoides atuam como antioxidantes e estão presentes também em chás (verde e preto), uvas vermelhas, vinho tinto e café.

Fisiologicamente, o chocolate estimula a liberação de serotonina pelo organismo. Mesmo em pequenas quantidades, segundo a nutróloga Marcella Garcez Duarte, a reação química ocorre – e também passa –, em poucos segundos, o que justifica a vontade de continuar comendo. “Todo doce realiza este processo, o que pode ser um problema no caso do chocolate ao leite, que tem uma grande quantidade de açúcar e calorias, uma bomba para quem tem diabete, dislipidemia ou facilidade para engordar”, diz.

Segundo o chefe do Serviço de Neurologia do Instituto de Neurologia de Curitiba (INC), Pedro André Kowacs, tanto os alcaloides quanto os flavonoides contidos no chocolate melhoram a função neural e o desempenho cerebral, conforme afirmam pesquisas recém-publicadas sobre a influência do consumo do doce em funções visuais e cognitivas. “Além disso, o açúcar contido no chocolate serve como combustível das células cerebrais, o que explica em parte porque as pessoas têm tanta vontade de comer chocolate”, diz. O neurologista assinala que o sabor e aroma complexos e agradáveis ao paladar também fazem do chocolate uma tentação.

Segundo ele, a compulsão por chocolate pode fazer parte de uma desordem alimentar, como a bulimia, de uma oralidade exacerbada, de uma compulsão específica, ou simplesmente derivar de um gosto exagerado pelo doce. “Quando ela oferece riscos à saúde como no caso de diabéticos e obesos, a compulsão pode e deve ser tratada – e curiosamente, tem sido utilizada nesses casos a mesma medicação com a qual se trata o alcoolismo (cloridrato de naltrexona), embora as evidências ainda sejam experimentais”, diz ele, que assinala que há evidências recentes, mas ainda frágeis, de que o chocolate escuro pode baixar a pressão arterial e diminuir o risco cardiovascular.

Exagero

Na Páscoa, é comum as pessoas se esbaldarem de chocolate, o que pode causar problemas pontuais tanto em crianças quanto em adultos. A sobrecarga de gordura e açúcar desequilibra o aparelho digestivo e pode causar agitação, enjoos, náuseas, diarreias e problemas gastrointestinais. “O adulto deve controlar o consumo, não é correto deixar uma cesta nas mãos de uma criança de 2, 3 anos. O chocolate deve ser dado gradativamente: o ideal é comer 25g ao dia, o que dá uma fileira de quadradinho de um tablete grande”, diz Marcella.

Benefícios

Chocolate branco
Só tem o lado ruim dos chocolates, como ser extremamente calórico, doce e com gordura hidrogenada, o que dá a consistência durinha, mas que resulta em gordura trans. “Composto de manteiga de cacau, leite em pó e açúcar, para quem tem problemas de peso, diabete e colesterol, o branco é a pior escolha, e não tem os benefícios do chocolate preto”, diz a nutróloga Marcella Duarte.

Saiba mais
Mitos e verdades sobre o chocolate

As barrinhas viciam?

Não, o chocolate não causa dependência. O vínculo que a pessoa tem com o chocolate é emocional, mas ele pode se tornar uma compulsão alimentar.

Dá acne?

O chocolate não é o causador. Apesar de o excesso de gordura e açúcar poder propiciar o aumento dela, o que a desencadeia são transtornos metabólicos ou hormonais, e ainda o emocional.

Se a pessoa tiver uma alimentação desequilibrada, só com itens gordurosos, o chocolate é apenas um fator a mais. O chocolate com mais cacau, pelo contrário, tem antioxidantes que ajudam a proteger a pele.

Artesanais têm a validade dos industrializados?

O melhor é ficar de olho na validade e consumir esses produtos em até um mês. Escolha apenas produtos com validade expressa. Os industrializados costumam ter validade média de um ano.

Quando ficam brancos estão estragados?

Quando você abre um ovo de Páscoa e ele está branco, isso não quer dizer que ele está estragado, mas é sinal de que o chocolate derreteu, amoleceu e endureceu de novo. O ideal é estocar seus chocolates em lugares sem variação de temperatura.

Mulheres gostam mais de chocolate?

Na tensão pré-menstrual, a produção de serotonina – responsável pela sensação de prazer – diminui. As mulheres neste período têm maior vontade de comer chocolate, porque ele estimula mais rapidamente a liberação desta substância.

Fonte: Gazetadopovo.com.br

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